Equidade de gênero no mercado de trabalho é um tema cada vez mais relevante e discutido em todo o mundo. Apesar do progresso alcançado nas últimas décadas, as mulheres ainda enfrentam muitas barreiras e desigualdades na vida profissional.
Os desafios relacionados à equidade são evidentes ao observarmos dados recentes. Uma pesquisa realizada pela TOTAL Consultoria em 2023, junto a 560 profissionais de gestão, constatou que apenas 40% dos cargos de coordenação eram ocupados por mulheres, enquanto aos homens eram reservados os demais 60%. Já em se tratando de cargos de gerência, as mulheres eram 35%, e os homens, 65%. Em cargos de direção a discrepância era ainda maior: 80% deles eram ocupados por homens e apenas 20% por mulheres.
A disparidade, que não é exclusiva de um setor ou país, mas constitui uma realidade global, se estende ainda à remuneração e a atividades específicas. De acordo com dados do Fórum Econômico Mundial, em média, as mulheres ganham 15% menos do que os homens em cargos iguais. E estão sub-representadas em setores como tecnologia e finanças.
Outro estudo realizado pela Glassdoor, por sua vez, revelou que, no Brasil, a diferença salarial é de 6,1% em cargos executivos e de 11,8% em funções operacionais.
Essas desigualdades são consequência de obstáculos como o “teto de vidro”¹, que limita a ascensão das mulheres a cargos de liderança, e da incidência de violência e assédio no local de trabalho.
Impactos no mercado de trabalho
As desigualdades de gênero no mercado de trabalho impactam tanto a vida profissional das mulheres afetadas quanto a sociedade em geral, uma vez que comprometem o potencial de desenvolvimento econômico das empresas e dos países e violam princípios fundamentais de justiça e equidade.
Pesquisas mostram que empresas com maior representatividade feminina em cargos de liderança têm melhor desempenho financeiro e são mais inovadoras. Segundo o estudo “Why Women’s Representation Matters” (Por que a Representação de Mulheres Importa), de 2021, empresas com mais mulheres em seus conselhos de administração têm probabilidade 23% maior de superar suas metas de lucratividade e 50% mais chances de superar suas metas de receita.
Perspectivas para o futuro
Há, no entanto, motivos para otimismo. Tanto as empresas quanto os governos estão cada vez mais conscientes da importância da diversidade e inclusão. No Brasil, a Lei de Igualdade Salarial (14.611/2023) tornou obrigatório que empresas com mais de 100 funcionários criem planos de ação para reduzir as diferenças salariais e de oportunidades entre homens e mulheres.
Essa é uma conquista significativa, que contribui para a construção de um futuro em que homens e mulheres tenham oportunidades iguais no mercado de trabalho e possam alcançar todo o seu potencial.
¹ Teto de vidro: barreira invisível que impede a ascensão de mulheres e minorias a cargos de liderança. Não possui relação com qualificação ou competência, mas com fatores socioculturais associados ao gênero.